domingo, 13 de novembro de 2011

Naquele dia


Queria ter você aqui comigo novamente como naquele dia em que o sol não brilhou mais do que o normal ou o tempo não parou nem andou mais rápido. Queria ter você aqui comigo novamente como naquele dia em que o sol não brilhou mais do que o normal ou o tempo não parou nem andou mais rápido, mas vi as flores sorrirem e acenarem para mim. Queria ter você aqui comigo como naquele dia, não por que o sol não brilhou mais do que o normal ou o tempo não parou nem andou mais rápido ou por que vi as flores sorrirem e acenarem para mim, mas sim por que queria ter seus lábios juntos aos meus, nos enrolares das nossas línguas, nas batidas aceleradas do coração, no entrelaçar dos dedos em meios aos seus cabelos, no seu olhar profundo e penetrante que me tirara toda a ação ou sombra de pensamentos. Quem sabe um dia, talvez, ficaremos juntos, para sempre, forever, para siempre, aí nesse dia sim, o sol brilhará mais do que o normal e o tempo vai parar ou andar mais rápido, e as flores não só irão acenar e sorrir como também irão cantar melodias que farão as estrelas virem até nós... 

Anderson B. C.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O amor acaba


Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Voltarás um dia?

Ainda estou a te esperar meu amor, será que algum dia ficaremos juntos? Saiba que se assim for, eu, em meio aos prantos dar-te-ei a alegria e o amor que, de ordem, sempre mereceu.
Em minha vida o sol brilhou um dia, mas agora não mais. Agora o que me resta é chuva e tristeza, é nisso que eu vivo, nebulosos e cinzentos eu vivo.
Sabe o que eu faria para ter-te novamente, como a anos, em meus braços? Destruiria tudo o que fosse preciso, faria tudo o que de errado se faz, mas ao invés disso, nada, é o que farei. Nada. Sei que não te terei em minha boca.
Lembro dos dias em que acordava, abria a janela e via o sol no verão, sentia o perfume das flores na primavera, isso me alegrava e me dava ânimo, pois sabia que você era minha. Até mesmo, nos mais nebulosos e cinzas dias de inverno alegravam-me, pois sabia que tu era quem me tinha e isso me deixava bobo.
Hoje o que me resta é a poesia, a única companheira que não reclama em minha presença e certamente a única que não me abandonará. Te espero, do sempre, sempre teu.
                                                                           
                                                                                                     Anderson B. C.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Trecho de 'O caçador de pipas'


Era uma vez... As histórias maravilhosas começam assim. Não importa o tamanho delas. Se começam por era uma vez, são sempre maravilhosas.

Pois era uma vez um homem. Um homem pobre que de precioso só tinha um cálice.

Nele, ele bebia a água do riacho que passava próximo à sua casa. Nele, bebia leite, quando o conseguia, em troca de algum trabalho.

Era pobre, mas feliz. Feliz com sua esposa, que o amava. Feliz em sua pequena casa, que o sol abraçava nos dias quentes, tornando-a semelhante a um forno.

Feliz com a árvore nos fundos do terreno, onde escapava da canícula.

Saía pelas manhãs em busca de algum trabalho que lhe garantisse o alimento a ele e à esposa, a cada dia.

Assim transcorria a vida, em calma e felicidade. Nas tardes mornas, quando retornava ao lar, era sempre recebido com muita alegria.

Era um homem feliz. Trazia o coração em paz, sem maiores vôos de ambição.

Então, um dia... Sempre há um dia em que as coisas acontecem e mudam o rumo da História.

Pois, nesse dia, nem ele mesmo sabendo o porquê, uma lágrima caiu de seus olhos, dentro do cálice.

De imediato, o homem ouviu um pequeno ruído, como de algo sólido, que bateu no fundo do recipiente.

Olhou e recolheu entre os dedos uma pérola. Sua lágrima se transformara em uma pérola.

Então, o homem pensou que poderia ficar muito rico se chorasse bastante.

Como não tinha motivos para chorar, ele começou a criá-los. Precisava se tornar uma pessoa triste, chorosa, para enriquecer.

Com o dinheiro da venda das pérolas pensava comprar lindas roupas para sua esposa, uma casa mais confortável, propriedades, um carro.

E assim foi. Ele começou a buscar motivos para ficar triste e para chorar muito.

Conseguiu muitas riquezas. Ele poderia tornar a ser feliz. No entanto, desejava mais.

As pequenas coisas que antes lhe ofertavam alegrias, agora, de nada valiam.

Que lhe importava o raio de sol para se aquecer no inverno? Com dinheiro, ele mandou colocar calefação interna em toda sua residência.

Por que aguardar os ventos generosos para arrefecer o calor nos dias de verão? Com dinheiro, ele pediu para ser instalado ar condicionado em toda a sua casa.

E no carro, e no escritório que adquiriu para gerir os negócios que o dinheiro gerara.

E a tristeza sempre precisava ser maior. Do tamanho da ambição que o dominava.

Nunca era o bastante. Os afagos da esposa, no final do dia e nos amanheceres de luz deixaram de ser imprescindíveis.

Ele não podia perder tempo. Precisava chorar. Precisava descobrir fórmulas de ficar mais triste e derramar mais lágrimas.

Finalmente, quando o homem se deu conta, estava sem esposa, sem amigos. Só... Com seu dinheiro, toda sua imensa fortuna.

Chorando agora, estava tão desolado, que nem mais se importava em despejar o dique das lágrimas no cálice.

A depressão tomara conta dele e nada mais tinha significado.

A história parece um conto de fadas. Mas nos leva a nos perguntarmos quantas vezes desprezamos os tesouros que temos, indo à cata de riquezas efêmeras.

Pensemos nisso e não desperdicemos os valores verdadeiros de que dispomos. Nem pensemos em trocá-los por posses exageradas.

A tudo confiramos o devido valor, jamais perdendo nossa alegria.

Haveres conquistados à troca de infelicidade somente geram infelicidade.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sábio ...



Um velho estava cuidando de uma planta com todo o carinho.
Um jovem aproximou-se e perguntou:
- Que planta é esta que o senhor está cuidando?
- É uma jabuticabeira, respondeu o velho.
- E ela demora quanto tempo para dar frutos?
- Pelo menos uns quinze anos, informou o velho
- E o senhor espera viver tanto tempo assim? indagou, irônico, o rapaz.
- Não, não creio que viva mais tempo, pois já estou no fim da minha jornada,disse o ancião.
- Então, que vantagem você leva com isso, meu velho?
- Nenhuma, exceto a vantagem de saber que ninguém colheria jabuticabas,se todos pensassem como você...

"Não importa se teremos tempo suficiente para ver mudadas as coisas e pessoas pelas quais lutamos, mas sim, que façamos a nossa parte, de modo que tudo se transforme a seu tempo."

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Charles Chaplin

Chorar não resolve,
Falar pouco é uma virtude,
Aprender a se colocar em 1º lugar não é egoísmo.
Para cada escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena,
Quem faz uma vez, não faz duas necessiariamente,
Mas quem faz dez,  com certeza faz onze.
Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível.
Quem te merce não te faz chorar, quem gosta cuida,
O que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente,
Não é preciso perder para aprender a dar valor
E os amigos ainda se contam nos dedos.
Aos poucos você percebe o que vale a pena,
O que se deve guardar pro resto da vida,
E o que nunca deveria ter entrado nela.
Não tem como esconder a verdade,
Nem tem como enterrar o passado,
O tempo sempre vai ser o melhor remédio,
Mas seus resultados nem sempre são imediatos.
                                                    
  (Charlin Chaplin)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Dinheiro


Com dinheiro podemos...
comprar uma cama, mas não os sonhos;
Livros, mas não cultura;
Comida, mas não apetite;
Adornos, mas não beleza;
Uma casa, mas não um lar;
Remédios, mas não saúde;

Luxos, mas não simpatia;
Diversões, mas não felicidade;
Um crucifixo, mas não um Salvador.
Uma igreja, mas não o paraíso

     E lembra, tudo que o dinheiro não é capaz de comprar, Deus nos dá de graça.